terça-feira, 5 de julho de 2011

EDREDOM
Marlene Caminhoto Nassa

Embaixo do edredom
Mãos em sintonia
Num mesmo tom
Esquentaram a noite fria
E entramos em ebulição

Com nosso corpo colado
O coração pulsando apressado
O pobre do edredom
Foi logo jogado de lado

Melhor do que qualquer
Cobertor
É ter uma relação
Com amor
CONSTELAÇÃO
Marlene Caminhoto Nassa
Lena Serena

Tudo o que mais quero agora
É que repouses tua boca em mim
Percorrendo meus caminhos assim

Que gota a gota pingue sem cessar
Teu sal e mel retemperando o desejo
E engula com teu beijo o meu pensar

Que te aposses de meus sonhos
E descubras meus mais ousados anseios
Explorando com tua boca os meus seios

Que sacies a tua e a minha fome
Pescando estrelas no céu da minha boca
E pouco a pouco tu me ponhas louca

Enquanto me possuis e gritas o meu nome
Vais dizendo que me ama
Trocando estrelas pela nossa boca

E uma constelação delas se derrama
Inteirinha em nossa cama...
AS DUAS LÍNGUAS
Marlene Caminhoto Nassa

Sua língua é sensual, com certeza,
Mas não se esqueça não
De sempre fazer a correção
Também da língua portuguesa

Dou o desconto pela empolgação
Pela intensidade da paixão
As duas línguas devem ser cuidadas com amor
Aquela que explora um corpo
E a outra que fala o que for...

A pessoa saborosa é aquela que sabe bem
Esgrimir a língua da boca
E a língua da pátria também...
COLAR DE PÉROLAS
Marlene Caminhoto Nassa

Tu, deitado ao meu lado,
A me olhar...

E eu, ajoelhada e nua,
Com pérolas,
Para te enfeitar...

Quero envolver teu sexo
Com pérolas de meu colar
Circular suavemente,
Fazendo cada conta ir roçando,
Tua carne rija e quente,

E essas pérolas, como uma serpente,
Qual toque sutil de um dente,
Comprimindo o suficiente
Para te fazer enlouquecer
De prazer
Enrodilhadas na coluna tua...

De testemunha
Somente a lua...
POEMA DE CARNE
Marlene Caminhoto Nassa

Nós dois somos poesias de carne
Quero, então, declamar em ti,
Todos os versos que souber

E com a força do teu abraço
E com o verbo que teu corpo dita
Sei que escreverás em mim
Também poesia bendita

Seremos versos livres de puro Prazer
Vivendo juntos esta poesia louca
Declamada com nosso corpo
Nossa boca
Ou o que for
A escrever
Esse poema de carne
E de amor
QUERIA TANTO!
Marlene Caminhoto Nassa


Queria tanto, neste momento,

Que seu corpo quente cobrisse o meu

E o aquecesse profundamente

Arrancasse desejos dormentes

Despertasse toda paixão que reprimo

E todo desejo saciado em solidão....

Queria tanto que seu toque suave

Substituísse as minhas mãos

E que minha noite triste

Tivesse fim

Que esse alguém realmente existe

E nunca saísse de perto de mim!
LIGAÇÕES
Marlene Caminhoto Nassa

Ligações do que?
De brisa?
Estendi os meus braços
E alcacei os teus abraços
De nuvem...

Nossos corpos se colaram
Mas o que restou
Por tu seres de nuvem
Foi só a chuva
De um pranto doloroso
Gritado em trovões

E uma fria tempestade
De granizos
Depois...