quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CARNAVAL
Marlene Caminhoto Nassa

É batuque na rua
É batuque no salão
E batuque no peito
Rimando no meu coração

Meus amores esfiapados
Transformei em serpentina
E espalhei pra todos os lados

Aqui só bebo alegria
Até me embriagar
Vamos entrar nessa folia
Sem ter hora pra parar

Passando de mão em mão
Conduziremos o trem da imaginação
Seremos o piloto do avião
Ou o comandante da embarcação

E sendo só imaginação
Sozinha nunca irei me sentir
No meio dessa multidão
Com as fantasias que poderei vestir

Sou a rainha sou o rei
E qualquer um outro serei
Dançando no Salão de festas
Dos corações de todos os Poetas!
CÂNTARO QUE SE PARTE

Marlene Caminhoto Nassa

Mesmo aos pedaços assim
O lindo cântaro de água
Espalhado em cacos pelo jardim
Parece alguma história de amor

Imagino que um dia ele foi lindo
Querido e desejado
Cheio de água ou de flor
Era sempre festejado
Enquanto servia a rigor

No chão, triste e quebrado
Sem serventia nem valor
Almeja não ser muito pisado
Para não sentir tanta dor

Aos pedaços, sem sua identidade
Ninguém hoje se lembra
O quanto ele deu de felicidade
Nem tem idéia de quanta sede aplacou

Não pode ser mais refeito
Assim esmagado e desfeito
Por mais que se sinta só
Não há jeito:
É como nós
Vai acabar virando pó...
BREVIDADE
Marlene Caminhoto Nassa

O instante
Não se conceitua
Pode durar uma brevidade
Pode durar uma eternidade

A libélula vive
Intensamente
Por um só dia
Mas é sua eternidade
Nesse dia

É breve o tempo
Quando estamos juntos
E morremos de saudade
Um instante longe
Parecendo eternidade

O efêmero
A brevidade
Tem que ter
Um contraponto
Mesmo assim

Enfim
Para poder se mensurar
Dependendo da intensidade
Do sentir
Podemos nunca acertar...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ALCANCE
Marlene Caminhoto Nassa

Uma parte de mim
Ainda sonha
Mas a outra parte
Não

Uma parte de mim
Ainda tem esperança
Mas a outra
Tem solidão

Uma parte dos meus olhos
Alcança o infinito
Mas a outra parte
Só alcança o chão

Uma parte dos desejos
Alcanço com as mãos
A outra parte
Não

Uma parte de mim é alegria
É futuro
Alcança a utopia
A outra parte
Não

Uma parte de mim
Não mais me alcança
E a outra parte
Também não!

domingo, 28 de agosto de 2011

Absinto e poesia
Marlene Caminhoto Nassa

No silêncio do meu quarto
Cesária Évora suave e delicada
Tua imagem
Refletida
No espelho
Do meu pensamento
É um maremoto
Que faz tremer
Meus vales
Montes, labirintos
Vibrações de ‘ais’
Que saem dos meus canais
Por onde tantas vezes navegastes
Saboreio o nosso Absinto
Agora numa taça azul
Aquele mesmo
Que, em muitos momentos,
Na tua boca bebi a esmo
Éramos doce explosão
Satélites que captavam
Até a mais curta onda
Misteriosa atração
Imãs naquele mar de sedução
Minhas mãos ainda molhadas
Do poema inacabado
Que procuravam por ti
Não resistem
E, sob a mesa,
Meus dedos te encontram
Agora de outro jeito que sabem
Banham-se no meio do mar
Do meu desejo
Onde sempre estás
A ondular...
O maremoto passa
Minhas águas se acalmam
Minha língua volta a se banhar
Em versos ao luar
Tomo mais um gole de Absinto...
Para ver se melhor te sinto...

E nas entrelinhas fico a te aguardar...
SABOR DO VINHO
Marlene Caminhoto Nassa


O vinho tinto nas papilas vai explodir
Milênios de anos de cultura nesse sabor e
Transformará tua boca em cálice aonde vou sentir
O amálgama mágico do vinho com o teu calor

Quero me embriagar desse vinho e de tesão
Com tua língua porejando em minha boca
O sabor intenso da uva e do seu chão
Entrelaçando com a minha feito louca

E nessa dança de línguas enroscadas
Transferes o teu sabor para mim
E através das nossas bocas coladas
Beberei o vinho com teu beijo assim...

sábado, 6 de agosto de 2011

DESLIZAMENTOS
Marlene Caminhoto Nassa



Suavemente tentando abrir
Teus dedos pelos botões deslizam
E aos poucos eles vão cedendo
E partes de meu corpo vão aparecendo

A blusa desliza desabotoada
Contornando a forma minha
E aos poucos amontoada
Aos teus pés ela se aninha

Deslizas agora tua língua
Pela extensão do corpo meu
Saboreando dele o meu gosto
E deixando nele o gosto teu

Deslizando no lençol de cetim
Nos encaixamos em côncavo convexo

Enquanto deslizas tua mão em mim
Aproveitamos o melhor do nosso sexo