sábado, 28 de julho de 2012

ORAÇÃO PROFANA
Marlene Caminhoto Nassa

Seus braços são fortes como galhos hirtos no ar,
Como uma doce cruz a me chamar!
E num louquíssimo abraço quero neles me crucificar!
Eu sou um navio errante,
E você um porto lindo de se ancorar!
Desejo misturar nossos fluidos e suores,
Nossas fantasias mais secretas, sem temores.

Na nossa pele, no nosso olhar e no nosso modo de amar
Levaremos para sempre a nossa presença,
Como uma sombra a pairar nessa descrença
De que um dia juntos iremos ficar
Pouco importa... Nada irá mudar...
Quebremos regras... Convenção...
Sejamos ousados, abusados!
Será nosso caminho? Nossa solução?
Nossa tábua de salvação?
Ou de nossa completa perdição?
Na cruz dos nossos próprios braços
Templo profano e proibido desses laços
Ate me me agora nos seus abraços,
Altar meu, altar seu, altar ateu
Crucificados e devassos nessa insana devoção
Nossos corpos, oferta sua e ofertório meu,
Carne que se sacraliza nesta profana oração!

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