sábado, 29 de outubro de 2011

RESPOSTA TUA
Marlene Caminhoto Nassa
Leia-me com tuas mãos
no braile perfeito
da visão do tacto
Explora-me neste leito,
momento exato,
em que te permito
todos os acessos
Sejamos réus inconfessos
safados e devassos
neste nosso espaço
onde partilhamos
a alegria
o sexo
e o abraço
E para cada pedaço
tateado do corpo meu
respondes
com a poesia
da ereção do corpo teu...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

com MARLENE CAMINHOTO NASSA

 


DE REPENTE, POESIA


Inseriu-se lentamente
num toque de desassossego
e o leitor sentiu-se tonto
com medo do brinquedo

A poesia fez-se luz
brindava ao puro amor
retirava espinhos de dor
abria sorrisos espontâneos

Mas o medo não impedia
toda a ousadia de tentar
e as palavras borbulhantes
explodiam dele, sem parar

E soltos, os versos formavam
estrofes em profusão e finalmente
nascia assim uma linda poesia
de outra maneira e de repente!

Anorkinda e Marlene Caminhoto Nassa

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O BEIJO NA PALMA DA MÃO
Marlene Caminhoto Nassa


Depois que beijastes a palma de minha mão
A solidão e o tédio não existem mais não
O poço fundo de mistérios meu e teu
É o que nos fará alçar voos e
Acompanharmos os volteios do falcão
Mas ele não nos pega não...
A flor do cemitério
Germinada em podridão
Dela nunca haveremos de sentir o cheiro
Com o tempo morrerá no mesmo chão...
O riso das manhãs será só nosso
Tomaremos o café fresco que eu faço
E dividiremos o pão e o passo
Pranto só de prazer em nosso laço
O fogo de nossa paixão arde
E não haverá visgo e tem nome
O bebê que vês é o que dentro nos habita
E a mão será sempre bendita
A derreter qualquer gelo e fome

O mundo está pleno, inteiro,
Por que meu amor por ti
É verdadeiro!
O que explode dentro de mim
É uma bomba de cetim
De teu sêmen em mim
Nós dois nos despimos no chuveiro
E tu acariciarás o meu rim
E na brisa da noite, com o cheiro do jasmim
Receberás o beijo doce e ele tem dono
É só teu! De mais ninguém enfim
No quarto te espero sempre sem temor
Pois aceitastes o meu amor
Não pulo sozinha essa dança,
Celebras comigo a vida sem morte
Nós nos encontramos e isso é sorte!

Chovia a chuva benfazeja
Enquanto a palma da mão tu me beijavas
O sol invadia nossa vida e coração
Comeremos um pão abençoado
De mãos dadas e em comunhão
Eu te oferecerei o vinho da paixão

O mundo que verei de olho aberto
Será nosso mesmo, homem,
E terá o tamanho de nossos sonhos,
Infinitamente maior do que um grão...
Haverá só paz na nossa terra
E o nosso chão será canção
Nunca te negarei minha água
E repartiremos todo o pão
Esse mundo atrás de nossa porta
Será de luz e muito amor
É novo ainda, mas o que importa
Não é o som do pandeiro ou
Os furos da peneira sem eira
Pois teremos até tribeira,
Eu te prometo
Meu grande e infinito amor!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SAL E MEL
Marlene Caminhoto Nassa

A delícia de dialogar com um poeta
É que só ele consegue salgar uma gruta
Esculpindo poemas de forma tão quieta
Mas criando arte até da palavra bruta
Enquanto escreve uma poesia louca
Exploda estrofes de suas águas represadas
Inunde de seu sal e mel a minha boca!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011