quarta-feira, 17 de outubro de 2012


CARTAS MARCADAS

Marlene Caminhoto Nassa

 

Na escuridão do meu dia

Seguro fiapo de luz

Que possa

Nessa grande fossa

De alguma maneira

Me iluminar.

 

Só possuo a cruz do destino

Para nela me crucificar

E ela é tão fria

O quanto minha vida

É vazia

 

Nem mesmo o calor

Tão tênue desse verso

Fará algum reverso

Na nossa separação

 

Nas cartas marcadas

Desse destino tão perverso

Não haverá mais verso

Nosso jogo chegou ao fim

 

Eu sem você

E você sem mim...

CARNAVAL COLORIDO

Marlene Caminhoto Nassa

 

Da paleta de cores da poesia

Pinto o meu rosto e a fantasia

E das cintilações das estrelas

As faíscas eu vou buscar e

Inflamo de chamas meu olhar

 

Quero estar colorida a brilhar

Espalhando pelo salão as cores

E transformar com meu tocar

As faces pálidas das dores

 

Aproveite esses três dias de viver colorido

E venha urgente me amar

Sem fim

Antes de entrarmos em combustão

Pois nossas cores logo se esvairão e

Na quarta feira seremos

Um punhado de cinza enfim

domingo, 7 de outubro de 2012

CASO VERÍDICO NO JAPÃO


CASO VERÍDICO NO JAPÃO

Na ocasião eu fazia um trabalho para qualificação no mestrado em Artes na UNESP e minha dissertação era sobre Escola de Samba, que considero a Ópera do Asfalto. Comparava os ritmos das Escolas de São Paulo, que são acelerados, com as do Rio de Janeiro, que são mais lentos. Frequentava a Escola de Samba Rosas de Ouro, onde colhia elementos para minhas pesquisas. Ela foi a vencedora do carnaval paulista naquele ano e foi convidada a se apresentar no Japão. O presidente, saudoso, Eduardo Basílio,  convidou-me a integrar os componentes que iriam como convidados a se apresentar numa Festa das Nações em Nagoya, no Japão.

Sobrou me ir fantasiada de baiana, com muitos colares, desses comprados na Rua 25 de março, vistosos, baratinhos, de plástico ou de vidro.

Fizemos inúmeras apresentações e uma apresentação especial ao rei do Japão, com a presença de todas as autoridades locais, uma pompa, com uma plateia de mais de 5 mil pessoas! E cada japonês possui no mínimo duas câmeras fotográficas cada um... Imaginem...

Numa das voltas do desfile, ao passar em frente da comitiva real, o governador da província se levantou e veio até a mim e tocou num dos meus colares que brilhavam, quebrando o protocolo. Imediatamente fiquei ofuscada com tanto brilho de flashes, que espocavam de todo lado. Tirei um dos colares e coloquei no pescoço do governador. Ouviu se um OOOOHHHH na plateia. Foi tudo filmado e fotografado e manchete nos jornais do dia seguinte. Ele permaneceu com o colar até o final da nossa apresentação, que era a mais importante e esperada do festival, quando as autoridades vieram nos cumprimentar pessoalmente no final do espetáculo.

Havia um intérprete ao lado do governador, que veio entregar-me o colar e agradecer. Respondi que era um presente meu a ele e que não precisava me devolver. O intérprete insistia comigo e eu com ele junto ao governador. Ele então beijou-me a mão, agradeceu e se foi.

Na manhã seguinte recebi, no hotel, um lindo colar de pérolas marinhas, iguais, lindo, com um cartão do governador e uma mensagem do rei a mim... Tenho- os até hoje...

Aí me disseram: __Você deveria ter dado era um monte desses seus colares, Marlene!

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


EXTREMOS

Marlene Caminhoto Nassa

 

A tristeza se liquidifica

Na lágrima que verte

Da sensação que fica

No vórtice da emoção

Que arrebatadoramente

Levou de roldão a razão

 

É de extremos nossa mente

Ódio e paixão nos habitam

Livremente

No lugar da vida

Pode restar a ferida

Ou a morte

Nessa difícil lida

Por sorte

Teremos paixão

Ou será só solidão

 

Viver em extremo

No fio da navalha

Beber o veneno

Esperando a mortalha

Ou por algo que valha

Como um gozo feliz

Estraçalha qualquer motriz

 

A bala pronta na agulha

É tudo aquilo que se diz

Pode ser a fagulha

Com gosto amargo de fel

Ou delicioso mel

Pode ser um estopim

Que queime e mate raiz

Ou que nos leve ao céu

Ou que nos faça para sempre

Infeliz!

 

 

PALAVRAS

Marlene Caminhoto Nassa

(dedicada e inspirada em frase de Vitor Pena Viçoso)

 

Sobrepostas em camadas de memória

Bailam as palavras no dicionário

Anunciam derrota ou celebram vitória

São às vezes como orações de breviário

Que o padre reza no silêncio em sua cama

Significam e trazem o peso de sua história

E se revestem de flores como nessa rama

Ou de dores e de horrores e não de glória

De acordo com a maneira que se trama:

Na poesia, na prosa, na paródia ou na simples fala

Em sotaques, em quem odeia ou em quem ama

Ou na palavra solta e desenfreada que se rala

Enrosca, acumula, engrandece, engravida e cresce

De sentidos, de história, de desejos e de prece...

 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

RENASCER
Marlene Caminhoto Nassa
Encostar suave em tuas costas
Meu corpo quente junto ao teu
Num enlace do jeito que tu gostas
E que dá asas ao desejo meu...
Ficar assim gudadinho
Ouvindo teu coração bater
Descer a mão devagarinho
E sentir teu corpo renascer...

 
VIRTUAL
Marlene Caminhoto Nassa

Desejo o subjugo consentido
Dos teus braços fortes a me enlaçar
Amar até perder o sentido
E também te realizar...

Se me queres assim em paixão
Também haverá a entrega total
Serei tua e serás meu em comunhão
Nem que hoje seja só no virtual...

sábado, 11 de agosto de 2012

JOGO DA VIDA


JOGO DA VIDA
Marlene Caminhoto Nassa

No jogo da vida
Sem carta marcada
Nem curar a ferida
Da banca falida
Revolve as questõs dessa vida
E não resolve a angústia da ida
Nem tampouco apaga
Toda brasa dormida

Um sopro, uma aragem,
Um vento sutil
Devolve essa chama
Devolve a coragem
Que doi mas que clama
                                                                          Para impedir o funil
                                                                          De sentimento pueril
                                                                         Que se espreme na alma
                                                                         E nos tira essa calma
                                                                         E nos ata num só fio...

XADREZ
Marlene Caminhoto Nassa

Como não jogo xadrez
Proponho um xerez
Pois quem sabe dessa vez
Tu que Já fostes rei
E se tua rainha serei
Lutaremos contra as torres
Impenetráveis, inatacáveis
Desse jogo sem ganhadores
Teu beijo a aplacar minhas dores
E o meu beijo a te levar flores
Amansará teu coração de peão
Se o bispo não nos atrapalhar
Minha rainha e o teu rei
Nesse tabuleiro de amar
Derem cheque mate na cama
Como cavalo a galopar...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

HOUVE VIDA E ÁGUA EM MARTE?

MARTE AZUL
Marlene Caminhoto Nassa
Água azul em Marte?
Prever nossa sorte?
Já foi azul também?
Árida, poluída, doída
É só o que hoje tem
Nossa futura morte
e sorte também?
Terra:
Reparte comigo agora
A cor azul da água tua
Para eu pintar sem demora
Enquando houver refração
E as cores todas  a escolher
Marte nos mostra agora a crer
Que existindo só o vermelho de cor
Sangue  de vida extinta que devia haver
Será a cor exata de nossa futura dor
E não haverá mais nenhum pintor...

sábado, 28 de julho de 2012

ORAÇÃO PROFANA
Marlene Caminhoto Nassa

Seus braços são fortes como galhos hirtos no ar,
Como uma doce cruz a me chamar!
E num louquíssimo abraço quero neles me crucificar!
Eu sou um navio errante,
E você um porto lindo de se ancorar!
Desejo misturar nossos fluidos e suores,
Nossas fantasias mais secretas, sem temores.

Na nossa pele, no nosso olhar e no nosso modo de amar
Levaremos para sempre a nossa presença,
Como uma sombra a pairar nessa descrença
De que um dia juntos iremos ficar
Pouco importa... Nada irá mudar...
Quebremos regras... Convenção...
Sejamos ousados, abusados!
Será nosso caminho? Nossa solução?
Nossa tábua de salvação?
Ou de nossa completa perdição?
Na cruz dos nossos próprios braços
Templo profano e proibido desses laços
Ate me me agora nos seus abraços,
Altar meu, altar seu, altar ateu
Crucificados e devassos nessa insana devoção
Nossos corpos, oferta sua e ofertório meu,
Carne que se sacraliza nesta profana oração!

MAR DO AMOR
Marlene Caminhoto Nassa

Foi tudo de bom
Navegar em seu mar pelo mundo
Quando havia tempo de calmaria
Nossas velas você recolhia
E lançava a âncora bem fundo

Ancorados em mar alto
Nada podia nos atrapalhar
Sentindo a brisa macia
No nosso corpo a tocar

Balançando nas suas águas
Às vezes conseguia até mergulhar
Catava as estrelas marinhas
E você me dava as do luar

Comíamos as estrelas da água
E com as do céu
Alimentávamos nosso sonhar

Mas o tempo de calmaria
Começou cedo a mudar
Soltamos as velas
Mas no meio da tempestade
Era impossível navegar

Nossa caravela água pôs se a fazer
E o mar do amor
Antes tão calmo e sereno
Ameaçava a nos arrastar
Em suas águas revoltas

E com todas as velas soltas
Ficamos perdidos nesse mar

Náufragos nesta praia deserta
Seremos presa certa
Pode crer
A não ser que desses destroços
Outra embarcação possamos fazer..
OUTROS OLHARES
Marlene Caminhoto Nassa
Olhes-me com olhos do teu coração
Entendas-me sem nada falar
Use a compreensão de poeta
Tateando por meus sentimentos
Lendo no braile dos dedos e da emoção
Os por quês desta minha solidão
Explores-me nesse teu ato
Minucioso perfeito e exato
Com teus dedos e teu desejo de fato
Enviando do coração ao corpo meu
As provas inequívocas do desejo teu
E encontrarás escondida nos espaços,
Camuflada entre outros  traços meus
A menina que  se expõe
 Frágil e nua
aos olhos teus...

domingo, 22 de julho de 2012

poesia INSTRUMENTO TEU

INSTRUMENTO TEU
Marlene Caminhoto Nassa

Com a língua quente na minha gruta
A lamber o contorno dos lábios meus
Teus dedos travam uma delicada luta

Ouve se de repente, num instante,
Em forma de espasmo e de gemido meu
Um concerto doce e alucinante

Tiras notas dissonantes com tua batuta
Quando fazes do meu corpo o instrumento teu!
SAL E MEL
Marlene Caminhoto Nassa

A delícia de dialogar com um poeta
É que só ele consegue explorar uma gruta
Esculpindo poemas de forma tão quieta
Mas criando arte até da palavra bruta
Enquanto escreve uma poesia louca

Exploda, pois, estrofes de suas águas represadas
E inunda de mel e de seu sal a minha boca!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

MEU NORTE  (II)
Marlene Caminhoto Nassa
Vago qual pássaro mortalmente ferido
No mar da vida sobre a onda forte...
Vaga a onda e sem encontrar vaga,
Tal e qual o meu coração dolorido
Arrebenta na rocha que lhe faz barreira
Sou pássaro ferido e em cegueira
Que vagando eu no que divago da chaga
Aberta no meu peito e que me draga
Dilacerada nas adagas disparadas sem sorte
Feliz e cega só encontro a morte
Imaginando, tola, encontrar meu norte...

poesia SABOR DO VINHO

CONTO- O TELEFONE PÚBLICO (sensual, erótico)

O TELEFONE PÚBLICO   (CONTO ERÓTICO POLICIAL)

Todos os dias ela tomava aquele mesmo coletivo, no mesmo horário, no mesmo ponto, na periferia da capital, próximo da sua casa e o encontrava quase sempre vazio. Saia muito cedo e voltava já de noite. Trabalhava em uma repartição pública, solteirona, prestes a se aposentar. Morava sozinha, sem filhos, sem parentes próximos, sem amigos... Vida medíocre, sem distrações, só um rádio e uma televisão antiga, em que apareciam mais chuviscos do que imagem. A casa humilde era propriedade dela, foi feita, aos poucos, com o magro salário de faxineira na repartição pública.
Ergueu altos muros ao redor da casa e de si. Não havia vida, nem plantas e nem bichos. Magra, comia pouco, estocava não perecíveis para não precisar sair muito às compras. Um tanto desnutrida, angulosa; curvas, se as tivesse, ocultava sob roupas maiores que seu número. Não se sabe que tivera algum namorado, algum amor... Certamente não, ninguém nunca viu.
Um telefone público foi instalado, há pouco tempo, perto do seu ponto de ônibus, que tocou no momento em que ela desceu do coletivo naquela noite. Ficou tentada a atender, mas não se atreveu e foi embora para casa.
Na noite seguinte a mesma coisa, toca o telefone sempre no momento exato em que ela desce do coletivo... Não atende. A cena se repete por mais quatro, cinco dias... Algo começa a despertar nela... Uma curiosidade, um espanto, uma ansiedade...
Decide atender se tocar de novo na noite seguinte, raciocina.
Desce no ponto, olha para o aparelho ao lado e espera o já conhecido toque... Mas não há sinal. Senta se sob a pequena marquise que cobre o banco e espera uns longos minutos... Já está muito escuro e frio... E o telefone não toca. Levanta se um tanto frustrada e volta para casa, mais curiosa e espantada... Ouve suas histórias de suspense no rádio enquanto toma uma sopa. Essa noite precisa de mais coberta e não consegue dormir bem. Vai trabalhar mais cansada na manhã do outro dia.
Nem bem coloca os pés no chão ao saltar do coletivo, na noite seguinte e ouve tocar o telefone. Corre afobada e atende meio nervosa, insegura: ___Alô! Alô!
__ Finalmente você atendeu... Voz de homem do outro lado da linha, macia, calorosa, grave, com doçura, com um toque de sensualidade e vibração que lhe atinge o centro do peito, de imediato.
__ Quem é você? Com quem quer falar? Não há ninguém aqui, é um telefone público, um orelhão... Só estou eu aqui...
___Eu sei... É com você mesmo, você, que acabou de descer do ônibus... É com você...
___Comigo? Quem é você? O que quer de mim? Como falar comigo, moço, nem me conhece? Sério! Com quem quer falar?  
__ Quero falar com você! Quero você, na realidade... É... É você mesmo! Quero comer você! Quero fazer você sentir o que nunca sentiu na vida! Quero minhas mãos macias e quentes em seu peito, minha boca na sua boca, meu pau te arrebentando e revelando a mulher que você tanto esconde...
___ Vou desligar seu tarado! Como ousa falar assim comigo? Sou séria, viu? Vou desligar! Está louco!
___ Espera, por favor! Você não vai desligar... Não vai, não... Sei que não vai... Você quer também... Está curiosa... Só me escuta, não vou lhe fazer mal... Não desliga...
___ Vou sim, abusado!  Está enganado a meu respeito, não sou dessas... Já estou desligando! Ou chamo o 190 daqui! Vou chamar a policia!
___ Não vai fazer isso... Eu só quero lhe fazer o bem... Eu desejo você... E desejar alguém não põe ninguém em cana... Só me deixe dizer tudo o que quero fazer com você... Você é uma tesão, uma brasa adormecida... Eu te conheço bem... A hora que você começar, enlouquece... Começo abrindo sua blusa, desabotoando o sutiã vermelho com o debrum de rendinha cor de rosa, esse, que está usando hoje e chupo o bico de seu seio... E depois...
Ela bate o telefone em pânico e estarrecida, não o deixando falar mais nada. Olha desesperada para os lados e confirma não haver ninguém. Põe a mão no peito, abrindo um botão e confirmando que seu sutiã era vermelho e tinha a rendinha cor de rosa debruando... O único vermelho que tinha, comprado na oferta. Como pode ele saber? De que modo?
Corre, aos tropeços, para casa, que é relativamente perto, abre, tremendo os dedos, o cadeado do portão alto, entra em casa, acendendo todas as luzes, mas a voz de veludo ressoa nos seus ouvidos como um canto de sereia...
Tentou relembrar sobre quem estava no ônibus, mas nunca olhava para os lados, sempre lia algo... Quem seria ele? Da repartição? Mal olhava para os lados...
Quando o telefone tocou naquela noite, assim que desceu, ela logo atendeu e foi dizendo:
___ Para de me torturar! Para de me ligar! Minha vida estava tranquila, estou nervosa, não sei quem é você e o que quer de mim, não sou rica, não sou bonita, não sou jovem... Não tenho dinheiro e nada para lhe oferecer, nunca sai com nenhum homem, nem experiência ou safadeza posso lhe dar se é isso que busca!
___É exatamente assim que eu quero! Inexperiente, virgem... Gostosa...
___ Chega! Não fale assim comigo! Não sou dessas mulheres! Quem é você? Como sabe de mim, da minha vida? Trabalha na repartição? Anda me espiando? Viaja no mesmo ônibus? De onde me conhece? Você é tarado! Desiquilibrado! Estou com medo! Deixe-me em paz, pelo amor de Deus!
___ Calma... Não seja boba. Quero ver você gozar... Só isso... Quero que você sinta prazer...
__Tarado! Não fale assim comigo, vou desligar! Vou desligar, tarado!
__ Espere eu terminar, depois desliga... Abre sua caixa de correio e pegue o que está lá. Depois vai deitar e fique sem calcinha, pegue o brinquedo da caixinha e aperte o botão vermelho na ponta mais grossa dele; não se assuste por que ele vai vibrar na sua mão... Põe ele em cima dos seus pelinhos, no meio das suas pernas, você vai saber o lugar certo. Amanhã a gente conversa, vai! Há um bilhete que só deve ser lido três depois. Como se fosse um robô ela apressa o passo, abre o cadeado do portão, fecha-o com tranca e com outra chavinha abre, ansiosa, a caixinha do correio. Seu coração quase salta pela boca quando vê o pacote lá! E o envelope lacrado com o bilhete...
Toma banho, veste uma camisola, leva o pacote ao quarto e se deita sem a calcinha. Nunca vira nada igual, uma peça cilíndrica de silicone, com um botão vermelho numa das pontas, maior do que a palma da mão. Não consegue desobedecer às ordens dadas pelo homem da voz macia. Toca seus seios, que já estavam rijos, aperta o botão vermelho da peça cilíndrica, que começa a vibrar intensamente. Com uma das mãos alisa os seios e com a outra leva o aparelho até o meio de suas pernas. O que ela sentiu a seguir foi demais para sua vida de recato e negação de qualquer tipo de prazer que vivera até então. Os espasmos foram tão violentos que chacoalharam a cama e ela soube imediatamente que jamais seria a mesma mulher, nascia ali outra pessoa...
Perdeu a conta dos orgasmos obtidos e a noção do tempo. Adormecia, acordava e retomava. Não foi trabalhar. Comia qualquer coisa e voltava para a cama e para seus prazeres... Explorou novas posições, introduziu a peça, sangrou, mas obteve outros prazeres e não se cansava, queria sempre mais...
Era curto o bilhete: “Viu como eu estava certo? Você conheceu o céu e gostou né, safada? Telefonei no seu trabalho e falei que você viajou e deve demorar mais de uma semana. Pegue outro presente na caixa de correio. Queime muito bem os bilhetes, os embrulhos, jogue as cinzas na privada. Deixe o portão e a porta destrancados hoje à noite. Vai gozar como nunca.”
A polícia não encontrou nenhum vestígio de arrombamento, nenhum sinal de sêmen, só o vibrador introduzido, ligado, mas com a pilha gasta. O corpo estava aparentemente sem violência. Continuava algemada à cama e as chaves das algemas acessíveis, ao lado. Nada havia sido roubado nem mexido na casa. O telefonema partira de um telefone público do centro. O lenço que a enforcara e a causa da morte, a perícia concluiu que fora amarrado por ela, antes de colocar as algemas e que no momento dos orgasmos deve tê-la asfixiado, com os movimentos de espasmos violentos.
Um dos investigadores achou estranho que duas solteironas solitárias morressem nas mesmas condições, com vibradores, lenços e algemas, mas ninguém se interessou em unir os casos...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

POESIA ENCONTRAR ESTRELAS

DESENHO MEU SOBRE O CINEMA BRASILEIRO

BRASÃO MEDIEVAL DA MINHA FAMÍLIA CAMINOTO

BRASÃO ORIGINAL DA MINHA FAMÍLIA, PRÉ MEDIEVAL

BRASÃO ATUAL DA MINHA FAMÍLIA

DESENHO MEU -FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO

FOTO LINDA

PRESIDENTA OU PRESIDENTE?

  Uma belíssima aula de português.
  Foi elaborada para acabar de uma vez por todas com toda e qualquer dúvida se temos presidente ou Presidenta.
  A presidenta foi estudanta?
  Existe a palavra: PRESIDENTA?
  Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
  No português existem os particípios activos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é
  mendicante... Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade..
  Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
   Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não
  "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
   Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
  "A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
  Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O TELEFONE PÚBLICO   (CONTO ERÓTICO POLICIAL)

Todos os dias ela tomava aquele mesmo coletivo, no mesmo horário, no mesmo ponto, na periferia da capital, próximo da sua casa e o encontrava quase sempre vazio. Saia muito cedo e voltava já de noite. Trabalhava em uma repartição pública, solteirona, prestes a se aposentar. Morava sozinha, sem filhos, sem parentes próximos, sem amigos... Vida medíocre, sem distrações, só um rádio e uma televisão antiga, em que apareciam mais chuviscos do que imagem. A casa humilde era propriedade dela, foi feita, aos poucos, com o magro salário de faxineira na repartição pública.
Ergueu altos muros ao redor da casa e de si. Não havia vida, nem plantas e nem bichos. Magra, comia pouco, estocava não perecíveis para não precisar sair muito às compras. Um tanto desnutrida, angulosa; curvas, se as tivesse, ocultava sob roupas maiores que seu número. Não se sabe que tivera algum namorado, algum amor... Certamente não, ninguém nunca viu.
Um telefone público foi instalado, há pouco tempo, perto do seu ponto de ônibus, que tocou no momento em que ela desceu do coletivo naquela noite. Ficou tentada a atender, mas não se atreveu e foi embora para casa.
Na noite seguinte a mesma coisa, toca o telefone sempre no momento exato em que ela desce do coletivo... Não atende. A cena se repete por mais quatro, cinco dias... Algo começa a despertar nela... Uma curiosidade, um espanto, uma ansiedade...
Decide atender se tocar de novo na noite seguinte, raciocina.
Desce no ponto, olha para o aparelho ao lado e espera o já conhecido toque... Mas não há sinal. Senta se sob a pequena marquise que cobre o banco e espera uns longos minutos... Já está muito escuro e frio... E o telefone não toca. Levanta se um tanto frustrada e volta para casa, mais curiosa e espantada... Ouve suas histórias de suspense no rádio enquanto toma uma sopa. Essa noite precisa de mais coberta e não consegue dormir bem. Vai trabalhar mais cansada na manhã do outro dia.
Nem bem coloca os pés no chão ao saltar do coletivo, na noite seguinte e ouve tocar o telefone. Corre afobada e atende meio nervosa, insegura: ___Alô! Alô!
__ Finalmente você atendeu... Voz de homem do outro lado da linha, macia, calorosa, grave, com doçura, com um toque de sensualidade e vibração que lhe atinge o centro do peito, de imediato.
__ Quem é você? Com quem quer falar? Não há ninguém aqui, é um telefone público, um orelhão... Só estou eu aqui...
___Eu sei... É com você mesmo, você, que acabou de descer do ônibus... É com você...
___Comigo? Quem é você? O que quer de mim? Como falar comigo, moço, nem me conhece? Sério! Com quem quer falar?  
__ Quero falar com você! Quero você, na realidade... É... É você mesmo! Quero comer você! Quero fazer você sentir o que nunca sentiu na vida! Quero minhas mãos macias e quentes em seu peito, minha boca na sua boca, meu pau te arrebentando e revelando a mulher que você tanto esconde...
___ Vou desligar seu tarado! Como ousa falar assim comigo? Sou séria, viu? Vou desligar! Está louco!
___ Espera, por favor! Você não vai desligar... Não vai, não... Sei que não vai... Você quer também... Está curiosa... Só me escuta, não vou lhe fazer mal... Não desliga...
___ Vou sim, abusado!  Está enganado a meu respeito, não sou dessas... Já estou desligando! Ou chamo o 190 daqui! Vou chamar a policia!
___ Não vai fazer isso... Eu só quero lhe fazer o bem... Eu desejo você... E desejar alguém não põe ninguém em cana... Só me deixe dizer tudo o que quero fazer com você... Você é uma tesão, uma brasa adormecida... Eu te conheço bem... A hora que você começar, enlouquece... Começo abrindo sua blusa, desabotoando o sutiã vermelho com o debrum de rendinha cor de rosa, esse, que está usando hoje e chupo o bico de seu seio... E depois...
Ela bate o telefone em pânico e estarrecida, não o deixando falar mais nada. Olha desesperada para os lados e confirma não haver ninguém. Põe a mão no peito, abrindo um botão e confirmando que seu sutiã era vermelho e tinha a rendinha cor de rosa debruando... O único vermelho que tinha, comprado na oferta. Como pode ele saber? De que modo?
Corre, aos tropeços, para casa, que é relativamente perto, abre, tremendo os dedos, o cadeado do portão alto, entra em casa, acendendo todas as luzes, mas a voz de veludo ressoa nos seus ouvidos como um canto de sereia...
Tentou relembrar sobre quem estava no ônibus, mas nunca olhava para os lados, sempre lia algo... Quem seria ele? Da repartição? Mal olhava para os lados...
Quando o telefone tocou naquela noite, assim que desceu, ela logo atendeu e foi dizendo:
___ Para de me torturar! Para de me ligar! Minha vida estava tranquila, estou nervosa, não sei quem é você e o que quer de mim, não sou rica, não sou bonita, não sou jovem... Não tenho dinheiro e nada para lhe oferecer, nunca sai com nenhum homem, nem experiência ou safadeza posso lhe dar se é isso que busca!
___É exatamente assim que eu quero! Inexperiente, virgem... Gostosa...
___ Chega! Não fale assim comigo! Não sou dessas mulheres! Quem é você? Como sabe de mim, da minha vida? Trabalha na repartição? Anda me espiando? Viaja no mesmo ônibus? De onde me conhece? Você é tarado! Desiquilibrado! Estou com medo! Deixe-me em paz, pelo amor de Deus!
___ Calma... Não seja boba. Quero ver você gozar... Só isso... Quero que você sinta prazer...
__Tarado! Não fale assim comigo, vou desligar! Vou desligar, tarado!
__ Espere eu terminar, depois desliga... Abre sua caixa de correio e pegue o que está lá. Depois vai deitar e fique sem calcinha, pegue o brinquedo da caixinha e aperte o botão vermelho na ponta mais grossa dele; não se assuste por que ele vai vibrar na sua mão... Põe ele em cima dos seus pelinhos, no meio das suas pernas, você vai saber o lugar certo. Amanhã a gente conversa, vai! Há um bilhete que só deve ser lido três depois. Como se fosse um robô ela apressa o passo, abre o cadeado do portão, fecha-o com tranca e com outra chavinha abre, ansiosa, a caixinha do correio. Seu coração quase salta pela boca quando vê o pacote lá! E o envelope lacrado com o bilhete...
Toma banho, veste uma camisola, leva o pacote ao quarto e se deita sem a calcinha. Nunca vira nada igual, uma peça cilíndrica de silicone, com um botão vermelho numa das pontas, maior do que a palma da mão. Não consegue desobedecer às ordens dadas pelo homem da voz macia. Toca seus seios, que já estavam rijos, aperta o botão vermelho da peça cilíndrica, que começa a vibrar intensamente. Com uma das mãos alisa os seios e com a outra leva o aparelho até o meio de suas pernas. O que ela sentiu a seguir foi demais para sua vida de recato e negação de qualquer tipo de prazer que vivera até então. Os espasmos foram tão violentos que chacoalharam a cama e ela soube imediatamente que jamais seria a mesma mulher, nascia ali outra pessoa...
Perdeu a conta dos orgasmos obtidos e a noção do tempo. Adormecia, acordava e retomava. Não foi trabalhar. Comia qualquer coisa e voltava para a cama e para seus prazeres... Explorou novas posições, introduziu a peça, sangrou, mas obteve outros prazeres e não se cansava, queria sempre mais...
Era curto o bilhete: “Viu como eu estava certo? Você conheceu o céu e gostou né, safada? Telefonei no seu trabalho e falei que você viajou e deve demorar mais de uma semana. Pegue outro presente na caixa de correio. Queime muito bem os bilhetes, os embrulhos, jogue as cinzas na privada. Deixe o portão e a porta destrancados hoje à noite. Vai gozar como nunca.”
A polícia não encontrou nenhum vestígio de arrombamento, nenhum sinal de sêmen, só o vibrador introduzido, ligado, mas com a pilha gasta. O corpo estava aparentemente sem violência. Continuava algemada à cama e as chaves das algemas acessíveis, ao lado. Nada havia sido roubado nem mexido na casa. O telefonema partira de um telefone público do centro. O lenço que a enforcara e a causa da morte, a perícia concluiu que fora amarrado por ela, antes de colocar as algemas e que no momento dos orgasmos deve tê-la asfixiado, com os movimentos de espasmos violentos.
Um dos investigadores achou estranho que duas solteironas solitárias morressem nas mesmas condições, com vibradores, lenços e algemas, mas ninguém se interessou em unir os casos...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ARREMEDO E BRINQUEDO
Marlene Caminhoto Nassa
O teu mar não pude conhecer
Arrebentou se na rocha e explodiu no ar
Sem encontrar antes o meu chão...
E os grãos da minha areia brilharam em vão
Sem serem lavados pelo jato de espuma do teu mar .
Os teus sonhos, se é que os possuía, eram só teus...
E dos meus sonhos não te pude falar
Foram anulados e morreram nos dedos meus
Não havia ouvidos para os escutar...
As tuas delícias ficaram só na minha vontade
As tuas tentações não eram de verdade
Olhos que espelhavam desejo eram só os meus
Os teus eram opacos e em profundos breus...Mãos sedentas no meu corpo não haviam não
E me deixaram na carne o desejo em vão...
Boca que se afundasse na minha e me tirasse a respiração
Não aconteceu, não...
Despir-me com os olhos, despir-me com as mãos
E que era tudo o que eu queria
e tu prometias, mas não houve não...
Despir-me com a boca e me deixar louca
Nunca jamais também aconteceu...
E o futuro foi sendo desconstruído desse modo
Nessa hora
No presente meu e no descaso teu...
E agora
Restou me um brinquedo
Um arremedo de amor
Em que me quedo
Junto com meu medo
Sozinha e em dor...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

APRENDENDO A VOAR CONTIGO
Marlene Caminhoto Nassa
Sinto, por vezes, o meu vôo incerto...
Passos em solo movediço em direção a nada
E pela vertente dessa incerteza, sou desmedida
E te prendo e enrrodilho em asas de fada,
ao perceber oblíquo qualquer teu passo
Tentando desvendar esse teu ato,
Mas com a medida de meu próprio laço...
Não digas nada, não me censures,
Abraça me forte
E me aponta o norte...
É o amor que me põe em desiquilíbrio
E é por querer te tanto que
Meu corpo anseia, ébrio,
Somente por teu beijo no meu seio...
Atenda esse meu desejo, e qual pedra lançada
Na água parada de um lago, faça círculos concêntricos
No meio de meus cabelos, com teus dedos e mais nada...
Aguarde que a ansiedade se atenue em espasmos idênticos
Do prazer que te darei em troca...
Abras teus braços e me acolha neles com carinho
Beija me com ternura e não perguntes nada
Sou pequena ave que caiu do ninho
Acolha me e verás, encantado,
A beleza do vôo desse passarinho!

terça-feira, 5 de junho de 2012

NASCER POESIA
Marlene Caminhoto Nassa
A tua semente
plantada por ti,
docemente,
em minha carne quente
fez que não fosse prudente
e vivesse só no presente
naquela noite fria.
Triste e inocente
e sem que desejasse
pois a sua mente
indecente
deixou me agora
vazia
silente
germinou em mim
nostalgia
mas só nasceu
poesia...
RAÍZES EXPOSTAS
Marlene Caminhoto Nassa
 
Tentando entrançar as veias do meu tronco na terra
que brotam como urzes incensadas na mente
E são como raízes que se fixam em solo de aluvião
É quase que uma eterna a raiz, tão somente,
que nasce de dentro de mim, explodindo do corpo,
qual planta florescendo no húmido que agasalho
no meio das pernas, nesse cio já quase morto...
 
A semente jogada a esmo,
no atalho,
no ralo,
ou no ato falho
exibe essas monstruosas raízes expostas
frágeis demais por não terem chão,
já não têm planta
nem janta
nem manta
a cobrir ou alimentar esse corpo
alquebrado
gelado
São só raízes expostas
e sem respostas...

sexta-feira, 20 de abril de 2012




desenho meu MOVIMENTO OPERÁRIO para o calendário dos 450 anos de São Paulo


meu quadro que ilustra o calendário oficial dos 450 anos da cidade de São Paulo, para o mes de janeiro