AÇUCENA
Marlene Caminhoto Nassa
Numa madrugada
Lindo ramo de açucena
Também chamada
Flor de lis
De ti ganhei
Em uma caixinha
Guardei quando secou
E nem sei quanto tempo
Ela por ali ficou
Revendo coisas antigas
Para jogar fora
O que não
Mais prestasse
Encontrei a açucena
E nesse momento
Mesmo que não desejasse
Meu pensamento
Voou para ti
Assim como aquela açucena
Agora tão desidratada
Esquecida tão serena
Naquela caixa guardada
A dor que me seguia
Por esses anos a fio
Minha única amiga
Como uma vela sem pavio
Fez se mais feroz e intensa
Como uma sentença
De morte
A açucena seca
Representava
Minha sorte
Impossível de nos reviver:
Sem mais luz e sem encanto
A açucena desidratada
Encostada num canto
E eu acompanhada
Somente do meu pranto...
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