domingo, 10 de abril de 2011

POR TESTEMUNHA A LUZ DA TELA
Marlene Caminhoto Nassa


Tua mão esquerda em mim
Tateando o braile de meus seios
Lendo neles tudo enfim
Deixando me sem meios

De não me tornar
Um livro para tatear
Fostes abrindo devagar
Todas as páginas
De meu corpo
Com as mãos,
Com a boca
E com o olhar

Teu corpo encostando
Doce volume no espaldar
E devagar tentando
Por-me nua

Desesperada desejando
Também ser tua
Tendo a testemunhar
Somente a luz da tela
Como a chama tênue
De uma vela
Do computador
A desligar

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