terça-feira, 29 de março de 2011

DE MÃOS DADAS
Marlene Caminhoto Nassa

Minha paisagem é por inteiro
Sem ovelhas nem pastores,
Mas com galinhas brancas no galinheiro
O abacateiro
Roupas coloridas no varal

O pé de amoras, o formigueiro
Até o cheiro do quintal
Tudo fica numa caixinha
Bem ao lado da ladainha
Que minha mãe punha se a rezar

Lá no fundo da memória
Quando eu quero recordar
Abro devagar a caixinha
E a menina que está lá dentro
Vem correndo me buscar!

E nós saimos de mãos dadas
Ela me ensina a temer nada
E numa cúmplice parceria
Ela me reconstroi a alegria
Do pé descalço na enxurrada
De olhar o arco íris
Logo depois da chuvarada

E quando ela volta para a caixinha
Que gracinha!
Bem velhinha!
Aí sou eu que começo a engatinhar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário